2011-05-31

Conto - E no começo...

  E no começo era apenas Ela. Ela e toda sua existência complexa e de menor valor. Ela e toda sua majestade de perdas e vazio. E Ela resolveu que estar sozinha não era bom. Mas se Ela era tudo, ela ocupava tudo. E se ocupava tudo, como criar algo? Ela pensou... E pensou..

  E descobriu!
Ela só tinha que se diminuir, se separar do todo que se mantinha e criar ao que seria... Ele. Ele era o lado mais puro e bondoso dela, que trazia em si a memória da vilania dos tempos que viriam. A memória dos tempos remotos que cada vez mais se aproximavam e que Ele não poderia impedir com as recordações dos áureos tempos que nunca desabrochariam. E eles brigaram. E dessa briga constante, tomaram o conhecimento do vazio que estava apenas entre os dois. Um espaço vago que a separação de Ela em Ele não foi o suficiente para preencher algo criado pelo mesmo ato.


  Oh! Mas não poderiam deixar aquilo do jeito que está!
Tinham que preencher aquilo com algo, e decidiram começar com algo pequeno: o Universo. Em uma profusão de energias e sons tudo aquilo que é foi direcionado e criaram uma espiral de poeira que viria a ser chamado multiverso, e dentro deles, pedaços de pedaços de cosmicidade formaram os mundos, as Existências.

  Para dar luz àquilo, os dois tiveram que deixar a briga de lado, e criar algo que pudesse viver ali. E então, vieram os Dragões. A raça mais forte, inteligente e bela. Ela os presenteou com garras, e eles a chamaram Naarth (Senhora da Luta). Ele os presenteou de intelecto, e eles o chamaram Rirrkth (Lorde do Célere). Ambos os deram força, magia e sabedoria. Eles os chamaram Thuarliand, Pai e Mãe.


  E os Dois sem perderam na observação.E os Thuar, filhos, se criaram.
Os dragões-deuses eram os mais fortes seres e cada um pousou em um dos pontos de existência que culminavam aquele turbilhão de ser e não ser, de existir e des-existir. E ali, foram moldando o que seria seu plano e a si mesmo, enquanto Pai e Mãe deixavam suas rixas de lado e apenas observavam tudo aquilo.

  Garlind moldou o reino do Ar e do Espírito, tornando-se um pássaro de 18 asas e penas azuis e brancas como o céu. Seu grito durante o vôo era carregado dos significados dos glifos e da filosofia das eras subsequentes que permeavam sua memória.
  Luryta pegou o segundo reino mais elevado, ficando à cargo das Emoções. Tomou para si a forma de uma bela serpente, enrodilhada em uma grande árvore no centro de seu mundo. E ali, se pôs a lentamente cantarolar, dando vida à melodia universal.
  Sarth pegou o reino mais baixo, moldado à forma de uma rocha gigantesca e caminhante. Tornou-se o rei da matéria, o rei da força e da brutalidade, e sentado em seu reino, se pôs eternamente à esculpir às terras.
  Mard se tornou exatamente o que era, um Dragão. E dessa forma, regiu completamente  a Inteligência de seu reino do meio, quente e árido, metálico e desértico. E ali, organizou o que Garlind gritava, criando a primeira língua, Ihya.
  E por fim, Ardany se tornou uma grande e forte raposa, tornando seu reino o ponto paradisíaco do equilíbrio.  Ali, aprendeu a língua de Mard, e cantou para todos os planos, organizando e equilibrando a tudo.


  E gritando, esculpindo, pensando e cantando, os Thuar criaram o Último Reino, e suas duas habitantes: Myrha e Ahrym, que cuidavam e viviam tudo o que era vivo. Vida e Morte se tornavam um só, nos dois seres de composição idêntica e ideais diferentes. Myrha era uma ave completamente altiva, uma ágia branca e formosa, enquanto Ahrym se apresentava como uma víbora negra, com uma forte peçonha, e ambas viveram no mundo dualístico ao qual pertenciam, como todos os outros moravam nos mundos aos quais pertenciam.
  E todos os outros criaram, à sua imagem, uma raça para prosperar. Garlind criou aves poderosas e formosas, Luryta, as belas serpentes e os grandes répteis, pacíficos. Sarth criou gigantes de gelo, pedra, fogo e garra para lutar. Ardany criou raposas belas e sábias, com muitas pelagens e caudas. Mard criou mais e mais dragões, que com seu intelecto formaram um intrincado sistema político.
  E Myrha e Ahrym nada fizeram. Por séculos apenas estenderam seus poderes para que as raças fossem contidas em sua população. E por séculos apenas observaram todas as criações com seus poderes de mães da vida e senhoras da morte. E observaram diversos outros universos, criações, planos e existências. E viram Ela. E viram Ele. Os grandes cosmos de poder que apenas observavam, não olhram para elas. E elas precisavam ser vistas como os outros eram! Afinal, os poderes delas eram os principais, os mais fortes, poderes coesos, firmes, que se completavam, que não existiam um sem o outros, que se amavam... Poderes amantes. Thuar amantes.

  E esse ato incestuoso de amor perdido de pecado entre irmãs gêmeas, foi tomado como uma afronta pelos outros Thuar. Mard decretou então que eles deveriam ser mortos, e como era o mais inteligente de todos, porque era a Inteligência encarnada, mesmo com certa relutância, os outros assentiram. Luryta, chorou, e se retirou antes da decisão. Seu bom coração não poderia aceitar algo tão impiedoso, ela compreendia o sentimento delas. Mas teve de acatar a decisão de Mard. E suas lágrimas respingaram por todo o Último Reino, enquanto ela saía, de volta para sua morada.
  E Mard ordenou, e Sarth cumpriu. Com um corte, a cabeça de ambas as divindades tocou o solo sagrado do Último Reino, e banhou o local com sangue, enquanto todos os outros Thuar saíram, voltando para seus planos e reinos. E o sangue de Vida e Morte, tocou a lágrima da Emoção no terreno sagrado.
  E da união de Morte, Vida e Emoção... Nasceu algo diferente. Um ser se levantou, portando dois braços, duas pernas e um olhar puramente composto por ódio. Os Tuar viraram para trás, olhando para aquilo, enquanto o pequeno garoto levantou a cabeça. Seus longos cabelos negros e olhos completamente brancos nem piscaram quando a corrente de ar fora emitida.

  Os grandes Thuar, filhos das entidades mais poderosas, foram levados e presos em seus reinos, os 5 Reinos Superiores. Entre eles, uma barreira foi criada, separando os Reinos Anteriores do Último Reino, enquanto Thuar olhavvam para a criança, atônitos.

 - Se vocês são Thuar, eu sou Attar. E o crime de minhas mães vocês puniram, o crime de vocês eu irei punir. Porquê eu sou a Vida e a Morte, e todo o resto dentro disso. E assim será, como sempre foi.

  Tendo os Thuar presos nos reinos Anteriores, Attar se dedicou a moldar o Último Reino à seu bel prazer, enquanto criava um outro reino, uma outra atmosfera. Esse reino, chamado pelos Thuar de Reino Posterior, viria a ser chamado por Attar de AttarYa, a casa de Attar.

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  Saindo um pouco do campo do RPG. Tá, de fato... Sei que to devendo o final da parada dos níveis épicos, mas to preparando isso pra uma outra coisa em específico, volto a falar disso depois.
  Esse conto é o começo da história do mundo de AttarYa, um mundo criado por mim há cerca de 3 ou 4 anos. Pretendo vir postando as coisas por aqui mesmo, e vaamos ver no que vai dar.
  Agora, voltar ao estudo de Japonês para a prova de amanhã.

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